Vocês já experimentaram, por exemplo, parar em algum lugar movimentado e fixar a vista em algum ponto distante? Pode ser num prédio, num ponto perdido no espaço ou nalguma aglomeração? Rapidamente vão se juntando outras pessoas perto de você tentando focalizar o que você estaria olhando. É batata! Nunca fiz a experiência mas já me garantiram que é verdade.
É a famosa curiosidade, que não é só feminina. É humana.
Mas por que isso agora?
Dia desses estávamos parados na fila de espera da construção do gasoduto. Como existem coisas irritantes! Meu colega do lado da fila, que essa é uma fila dupla, tripla, quíntupla, comentou que coisa injusta. Esse gasoduto vai favorecer algumas grandes empresas e nós todos temos que pagar o pato. Não dá para entrar na justiça contra esse abuso? Dá, mas quando você tiver uma manifestação da deusa Têmis acho que o gás que vai passar por esses tubos já estará esgotado.
Só que outras considerações me assaltaram o cérebro. Parece que a fila é uma instituição nacional. Aliás, dizem os mais viajados, que do mundo todo. Talvez, em algum paraíso mais bem organizado, não exista fila, ou elas seriam mais organizadas.
Se a fila é para organizar a prestação de serviços, por insuficiência organizacional ou quantitativa de prestadores desse serviço, deduzir-se-ia que fila é uma coisa organizada. Mas não é. Não sei se só no nosso querido país, ou se em todo o mundo. Com a palavra os internacionais.
Mas o problema é mais em cima, não em baixo. É na cabeça. Ou melhor, na personalidade. Não sei em que parte do corpo fica localizada essa atribuição.
É só você parar seu carro na fila direitinho. Atrás do que parou na sua frente que vem um passando pelo acostamento, procurando um espacinho para entrar. E vão entrando na cara de pau. Se você não quiser ser batido que dê espaço. Quando se libera o trânsito é aquela debandada geral. Conclusão. Quem parou no seu lugar, em ordem de chegada, vai ficando para trás. Os avançadores de filas vão pela esquerda e se enfiam na frente das carretas que largaram dentro dos limites que a física lhes proporciona e são obrigadas a parar para não os esmagarem. E os que estão seguindo dentro da organização que a fila proporciona ficam prejudicados no seu direito de avançar.
Quem pode resolver isso?
As professoras e professores nas gerações que estão chegando agora. Porque os pais não tem essa capacidade. São eles que cometem essa falta de educação e com os filhos dentro dos carros. Quer dizer, não existe exemplo a ser seguido a não ser os maus.
Mas o meu neto de cinco anos, aos três já me ensinava. Verde pode passar, vermelho é para parar. E o amarelo? É minha cor preferida, então é para ter cuidado. Mas nem todos os netos também são iguais. Então bola pra frente... mas pode ficar indignado que não dá enfarto.