quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

RETROSDOIS

Cá estou de novo, catucando essas teclinhas. Pensei que retornaria mais depressa. Mas essa questão de fim e início de ano é muito complicada.
Tinha feito apenas uma ameaça de falar do TiDeza. Não ficou sugestiva a grafia TiDeza? As letras maiúsculas T e D são as iniciais de "Te Deum" que significa "a Ti Deus". O título completo do canto religioso é "Te Deum laudamus" que quer dizer "a Ti Deus agradecemos (laudamos, homenageamos, etc)", mas ficou conhecido por "Te Deum". Existem composições clássicas famosíssimas desse hino. Eram executadas em cerimônias de agradecimento por conquistas e vitórias. Mas não estamos aqui para circunloquiar.
Foi só para demonstrar que TiDeza é um verdadeiro Te Deum. Ele todo, dos pés à cabeça é um hino de agradecimento. Essa família cheia de graça precisava da inserção dessa pessoa especial para se estravazar em alegria e alto astral. Quando se escreve para quem conhece TiDeza, não é preciso dizer mais nada. Ele é a alegria personalizada. Para os que não o conhecem seria preciso escrever um livro inteiro para terem uma pequena noção do que é esse homem.
Aquele violão e sua voz, nas noites dos encontros da família, são impagáveis. Quando encontra um parceiro a coisa fica midiática. Se alguém colocar num desses yutubes da vida vai quebrar recordes de acesso. E ele faz naturalmente, sem requisitar platéia nem aguardar aplausos.
Quem realmente foi premiado nessa história toda foi a rede globo. Disseram que mataram o Totó da passione porque o Tony Ramos deu um ultimatum: ou TiDeza ou eu. Viram o resultado, se deu mal.
Mas pouco depois do sucesso televisivo do TiDeza e antes do coroamento de sua alegria com o desfile do Natal, tivemos de abraçar e nos solidarizarmos com Duile, Diogo, Nenzinha, Domingos Sávio e Neide. É que dona Mariazinha já não aguentava mais de saudades do sr. Manuel, do padre Cícero, do Zé Lino e da Maria Marta e resolveu ir se encontrar com eles. Ela tinha um padre que a cumulava de carinho, mas não se esquecia do outro padre que partira tão cedo. Verdadeiro herói-mártir dos princípios da História de Ipatinga. Agora é nome de Colégio, mas ainda é muito pouco pelo muito que doou. A vida. Mas o seu ídolo já havia dito há 2.000 anos que o verdadeiro amigo dá sua vida pelo outro. Foi o que ele fez.

Só que nessa queda de braços, ele contava com um aliado super poderoso, o tempo. Foi fatal para a decisão de d. Mariazinha. Além do tempo e do padre Cícero ela tinha do lado de lá a chamá-la a circunspecção do sr. Manuel, a seriedade moleque e respeitosa do Zé Lino e a alegria da Maria Marta.

Quando trabalhei com o Zé Lino, durante um ano, lá na sua coletoria, não entendia a afobação nervosa que o assaltava quando o seu pai, sr. Manuel, chegado desapercebido da fazenda, entrava de súbito no seu local de trabalho. Depois descobri. É que o Zé Lino não abandonava seu cigarro e não concordava em fumar na presença do pai. Respeito filial. E era uma complicação apagar o cigarro antes do sr. Manuel perceber. Queimou a mão diversas vezes. Fechava a mão com o cigarro acesso... como se o sr. Manuel não soubesse que ele fumava. Mas respeito é respeito. Obrigado, Zé lino, por aquele ano de ensinamentos e camaradagem. Nunca tive oportunidade de lhe agradecer. Mas você tembém. Parece irmão do padre Cícero. Foi se aposentar e ir organizar aquela bagunça em que deveria estar as coletorias do outro lado. Sua fama já corria por lá e não lhe deram tempo nem de descansar.
Padre Duile perdeu essa queda de braços para o padre Cícero. Mas não foi derrotado. Como você disse, Duile, ela tinha lá um padre para recebê-la. Só que você não disse que ela teve aqui também um padre para lhe indicar o caminho e recomendá-la a todos que estavam envolvidos na sua viagem. Foi a viagem mais tranquila que ela poderia ter tido. A você minha admiração por sua postura como religioso e pessoa. Acredito que de toda aquela chusma que voejou daqui para Pará de Minas e debandou em seguida, você era o único que poderia vingar. Me faz lembrar até daquele sitiante que colocou duas galinhas para chocar duas dúzias de ovos e sáiu um único pintinho. Nós outros somos ovos gorados. E tenho certeza que você sozinho compensou toda a expectativa que havia sobre aquela turma toda.
Algum tempo antes da viagem de d. Mariazinha foi o sr. Erico que partiu desse vale verdejante. Nada dessa história de vale de lágrimas. Tem gente que procura motivos para chorar. O menino pessimista ganhou uma bicicleta no Natal e só lamentava. Se eu levar um tombo vou ficar todo machucado. E se algum ladrão roubar minha bicicleta? Já o outro menino ganhou uma lata cheia de estrume de cavalo e saiu todo feliz pela rua: que legal! ganhei um cavalo, vocês não viram ele por aí?
Lembranças do sr. Erico sentado no alpendre de sua casa acenando e saudando quem passasse pela rua. Fora fazendeiro para os lados da Onça. Onde criou numerosa família. Depois que todo mundo saiu de casa para a vida e a idade chegou, mudou-se para a cidade com a sua d. Nega. Ficava também mais perto dos filhos. Aliás, eles é que ficavam mais perto. Tinham diminuídas as viagens para vê-los.
Depois, quando o tempo começou a cobrar-lhe o pedágio da vida, eles acorreram em socorro. E assistiram os dois. Agora continuam assistindo a mãe d. Nega. O Hélio, um dos filhos do sr. Erico, também fez parte daquela chusma que pousou em Pará de Minas e depois alçou vôos mais longos pela vida afora.
Até retrospectivas podem ser parciais. Essa resgatou a lembrança de duas personagens que nos deixaram e não tinham recebido registro nesse blogger.
AV